domingo, 13 de janeiro de 2013

O rio que constrói os meus segredos
ás vezes quase seca e sinto medo
às vezes se avoluma e eu fico muitos
às vezes se desmente. Não me escuto.

O rio que se cumpre no meu peito
às  vezes cala e apenas se entrega
às vezes não os faz nada e me confunde
ou me faz enfrentar o que serei.

Regis de MORAIS, Queda de areia, p. 28. (São Paulo, Cortez & Moraes, 1976.)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Bienvenida

(Para Sandra)

Bem-vindo o seu corpo
para essa dança
o seu corpo inteiro
A carne
A história
A memória
E tudo o que ele pode

Bem-vinda

Receba meu abraço
Se enlaçe
Nos trançe

No convite para essa dança
não estendo só meus braços
Mas meus olhos
e tudo o que mora neles

Nasce um curso, caminho
Nasce do toque
de olhares
de mãos
e peitos, pés, coluna, quadril...
E que vire riacho o curso dágua
E seja rio o riacho
Um rio caudaloso
de curso tortuoso mas certeiro
rumo ao mar.








sábado, 29 de setembro de 2012

Para Van

A dança que eu respiro
           em baixo d'água
A chuva que eu transpiro
A água
O transbordo do corpo
O cheiro do teu cabelo
                 que me guia
                    Piruetas e rodopios
Um vôo de olhos fechados
  no cheiro do seu perfume
               (com cheiro de flor amarela)
                            Compartilha mais essa dança comigo, menina?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Essa agudeza de viver faz a gente querer dançar, não é Elena?
E hoje eu nem quis mais estar por aqui, por alguns instantes antes de abrir meus olhos... 60 insinght por segundos, eu dancei por cima do muro da vida, dancei por cima do abismo. E você estava lá com seu vestido amarelo longo quase transparente... ainda ouço o piano que tocou, que acelerou e diminuiu a tristeza que sempre fui.
Ontem conheci a sensibilidade que se dança. "Elena se dança, leve, leve, suave, encanto de ave”, um pássaro que dançou com a lua antes de mim. E eu que sempre quis ter em minhas mãos a lua pra rodopiar com ela. Dançar com ela, tocar ela, beijá-la... abraçar ela...
Lembra quando eu subia no muro e queria me jogar de lá como se fosse um pássaro? Pois é, acho que fui além de mim na tentativa de me perder de mim.

Eu fecho os olhos e agora sinto a água que sempre fui.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

eu não sou, eu sou, eu só não gosto de...

Caro amor,
eu não sou esta mulher.
eu sou de uma outra espécie.
eu sou da que não vê o tempo nas costas dos carros e do ar abafado.
eu sou o que o meu cheiro quer ser imitar.
umidificador da pele. pele elástica. pele estirizada.
boca seca, esmalte seco, o sal da comida também... seco.
o orgulho que eu não pude ver por detrás do batom que nem é mais vermelho, é só trabalho.
o barulho do auto-retrato. a sede de um.

TUDO PERDE SENTIDO
mas pode ganhar também.
eu só não gosto de lembrar...